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Longevidade: Quais os seus ingredientes?

Comentado por Dr Daniel Gomes.

Viver mais. Este é, sem dúvidas, um dos grandes desejos da humanidade. Mas o que fazer para atingir esse objetivo? Existe algum segredo ou alguma receita mágica para tal?

Constantemente, nos deparamos com apelos comerciais veiculados pela mídia por produtos ditos “milagrosos”, que retardam o envelhecimento e promovem a tão sonhada longevidade. Tais produtos, todavia, são invariavelmente desprovidos de evidências científicas claras que comprovem suas eficácias.

Embora os conhecimentos atuais acerca dos determinantes da longevidade sejam ainda limitados, uma coisa parece certa: viver mais é umaconsequência da interação de diversos elementos, que incluem fatores biológicos/genéticos, ambientais e psicossociais. Dentre esses elementos, os chamados fatores de risco modificáveis, como os hábitos de vida, merecem especial atenção, uma vez que são passíveis de intervenção.

Um estudo sueco,recentemente publicado no conceituado British Medical Journal, procurou identificar a associação de vários desses fatores modificáveis, de forma independente e em combinação, com o tempo médio de sobrevida em idosos com idade maior ou igual a 75 anos. Esses indivíduos, um total de 1810, moravam em comunidades ou instituições de longa permanência na cidade de Estocolmo e foram prospectivamente acompanhados por até 18 anos.

Resultados interessantes foram obtidos. A idade média ao óbito foi 1.1 anos maior nos indivíduos com peso normal quando comparado àqueles com baixo peso; 1.3 anos a mais naqueles que nunca fumaram versus os fumantes ativos; 1.6 anos maior nos participantes com vasta rede de relacionamento social; e, por fim, 1.0 a 2.3 anos a mais nos idosos que estavam habitualmente engajados em atividades mentais, sociais, físicas ou de lazer. E mais interessante ainda: a sobrevida média daqueles idosos com perfil de baixo risco, ou seja, os que aglomeravam vários fatores positivos (ex.: hábitos de vida saudáveis, rica rede de relacionamentos sociais, participação em atividades de lazer) foi 5.4 anos maior em relação àqueles com perfil de alto risco. Além disso, tais associações estiveram presentes em ambos os sexos, naqueles também com idades mais elevadas (acima de 85 anos) e mesmo nos idosos com várias doenças crônicas no início do estudo.

Desse estudo, podemos certamente extrair algumas importantes lições. A primeira,a de que nunca é tarde demais para iniciar hábitos de vida salutares. Como se pode perceber na pesquisa, mesmo nos indivíduos idosos com idades mais avançadas, a prática de tais hábitos impactou positivamente em suas sobrevidas. A segunda é que, embora não exista ainda uma “receita de bolo” infalível para a longevidade, ingredientes importantes para tal já são conhecidos. E o mais importante, tais ingredientes podem proporcionar, além de uma maior sobrevida, incremento à qualidade de vida, porque aqui, mais do que nunca, é válido o ensinamento de que “melhor que adicionar anos à vida, é adicionar vida aos anos”.

 

Referência: Rizzuto D et al. Lifestyle, social factors, and survival after age 75: Population based study. BMJ 2012 Aug 30; 345:e5568.

Daniel Gomes – Geriatra e Clínico
daniel.gomes@clinicaqualivida.com.br

 
 
 

2018-04-14T05:23:25+00:00

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