Nova análise, publicada na revista The Lancet, encontra um surpreendente aumento de 25% no número de casos de AVC entre pessoas com idades entre 20 e 64 anos ao longo dos últimos 20 anos. Os resultados vêm da primeira análise abrangente e comparativa do ônus regional e específico de cada país em relação aos acidentes vasculares cerebrais, entre 1990 e 2010.
Embora o AVC seja a segunda principal causa de morte em todo o mundo, não existe uma avaliação abrangente e comparativa da incidência, prevalência, mortalidade, invalidez e tendências epidemiológicas para a maioria das regiões. Na presente pesquisa foram utilizados dados do Global Burden of Diseases, Injuries, and Risk Factors Study 2010 (GBD 2010) para estimar os encargos globais e regionais dos acidentes vasculares cerebrais durante 1990-2010.
Os pesquisadores procuraram dados do Medline, Embase, LILACS, Scopus, PubMed, Science Direct, Global Health Database, biblioteca da Organização Mundial de Saúde (OMS) e bases de dados regionais da OMS de 1990-2012 para identificar estudos relevantes publicados entre 1990 e 2010. Foram calculadas as estimativas regionais e específicas de cada país para incidência de AVC, prevalência, mortalidade, incapacidade em anos de vida perdidos por faixa etária (<75 anos, ≥75 anos e no total) e nível de renda do país (alta, baixa e média rendas) para 1990, 2005 e 2010.
Foram incluídos 119 estudos (58 de países de alta renda e 61 de países de baixa renda ou de renda média). De 1990 a 2010, a incidência de acidente vascular cerebral por idade padronizada diminuiu significativamente em 12% nos países de alta renda e aumentou em 12% nos países de renda média e baixa, embora não de forma significativa. As taxas de mortalidade diminuíram significativamente tanto nos países de alta renda (37%, 31-41) quanto nos países de renda baixa e média (20%, 15-30). Em 2010, o número absoluto de pessoas com primeiro AVC (16,9 milhões), sobreviventes de AVC (33 milhões), mortes relacionadas ao acidente vascular cerebral (5,9 milhões) e anos de incapacidade era alto e tinha aumentado significativamente desde 1990 (aumento de 40%, 46%, 20% e 16%, respectivamente), com as maiores taxas em países de baixa e média rendas. Em 2010, 5,2 milhões (31%) dos AVCs tinham ocorrido em crianças (<20 anos) e adultos jovens e de meia-idade (20-64 anos), para os quais as crianças e adultos jovens e de meia-idade, de países de baixa e média rendas, contribuíram com quase 74.000 (89%) e quatro milhões (78%), respectivamente. Além disso, observou-se diferenças geográficas significativas nas taxas de AVC entre as diferentes regiões e países estudados. Mais de 62% dos novos AVCs; 69,8% dos acidentes vasculares cerebrais prevalentes; 45,5% das mortes por AVC e 71,7% dos anos de incapacidade por causa de AVCs foram em pessoas com menos de 75 anos.
Embora as taxas de mortalidade por AVC por idade padronizada tenham diminuído em todo o mundo nas últimas duas décadas, o número absoluto de pessoas que sofrem um acidente vascular cerebral a cada ano, sobreviventes de AVC, mortes relacionadas ao AVC e a carga global geral de incapacidade ligada ao AVC é grande e crescente. Mais estudos são necessários para melhorar a compreensão dos determinantes do AVC e das suas consequências em todo o mundo e para estabelecer as causas das disparidades e as mudanças nas tendências do AVC entre países de diferentes níveis de renda.
Fonte: The Lancet